Com
a queda do Império Romano, o crescimento demográfico teve sua cadência desacelerada
e a vida urbana foi amortizada. Então, os séculos X e XI foram arraigados pela permanência
política e o ressurgimento do comércio, que dinamizaram as estruturas urbanas. Foi
nesse período que os centros urbanos foram se transformando.
Ao
se destacar a formação das cidades medievais, reporta-se a diversas origens:
ü
Cidades romanas antigas que ainda existiam, ou
que, ao serem abandonadas, foram novamente ocupadas;
ü
Burgos concretizados na periferia da cidade
romana, muitas vezes do outro lado do rio, e que formaram cidades;
ü
Santuários cristãos antigos, que se instalaram
fora das cidades romanas, e no período medieval formaram novos centros urbanos;
ü
Cidades oriundas da popularização de aldeias
rurais;
ü
Novas cidades, designadas bastides, que foram fundadas como bases comerciais e militares, a
partir de um plano geométrico predeterminado.
A concepção da
cidade medieval vai originar-se por desenvolvimento das antigas composições
romanas ou pelo alicerce de cidades novas arranjadas segundo um nível
regulador.
No artigo Labirintos
no Tempo: a cidade medieval e os espaços (Martino e Azevedo) se direcionam a
cidade medieval de tal maneira:
A escala monumental romana é suprida por espaços mais reservados. Há,
entretanto, os múltiplos sistemas de defesa: muros, muralhas, fossos e torres.
À medida que a cidade desenvolve novas muralhas são construídas – e estas
abalizam forma, tamanho e imagem da cidade. As muralhas prévias não eram
extinguidas, ou ao menos eram deixados detritos, e estes se tornavam marcos na
cidade.
As ruas são feitas para turismo a pé ou com animais de carga. Entre os
séculos XI e XII, a pavimentação já era bastante comum. As ruas são locais de
encontro, em especial devido ao comércio.
O mercado estende-se até atingir a rua, onde ocorrem compras, vendas e
negociações.
A praça mediévica ocupava recintos vazios, derivando em traçados e
tamanhos irregulares. As principais funções eram a de comércio e a de encontros
sociais. Devido a tais funções, existia a praça do mercado e a praça da igreja.
Os edifícios de maior ênfase eram as igrejas e as sedes governamentais.
Os quarteirões diferenciaram-se das cidades antigas pelo formato de ocupação.
No momento em que as residências se estabelecem nas extremidades do quarteirão,
seu interior é preenchido por jardins e espaços internos. De modo geral, os
jardins são utilizados pelas famílias de maneira coletiva.
O quarteirão medievo depara modificações importantes em relação ao
quarteirão romano, tanto em sua morfologia quanto em seu posicionamento dos
edifícios que o ocupam e em seu papel desempenhado na estrutura urbana.
Mumford (1998) diz que:
Na cidade medieval, aqueles domínios, o espiritual e o
temporal, com suas ordens vocacionais, o guerreiro, o mercador, o sacerdote, o
monge, o bardo, o erudito, o artífice e o negociante, alcançaram algo como um
equilíbrio. O equilíbrio prosseguiu sendo suave e hipotético; contudo o empenho
para mantê-lo foi firme, e o resultado real, porque todos os elementos
igualitários eram pesados, sendo cada qual devidamente representado. Até o fim
da Idade Média – esse, no entanto, é um dos sinais do fim, - nenhum artefato
foi satisfatoriamente forte para instituir permanentemente seu próprio domínio
sobre todos os outros. Em decorrência, tanto física quanto politicamente, a cidade
medieval, embora recapitulasse muitas das características da antiga ordem
urbana, era, em certos aspectos, uma criação original. Liberdade, igualdade corporativa,
participação democrática, autonomia, jamais foram inteiramente alcançadas em
qualquer cidade medieval.
Parte do comentário sobre o texto: A forma Urbana Medieval do Livro: Morfologia Urbana e Desenho da Cidade, Autor: José Garcia Lamas.