Howard elaborou um pensamento utópico em relação ao
planejamento das novas cidades. Conforme Andrade (2003), essa visão utópica deu-se
em razão da expectativa de resolver os problemas de insalubridade, grande
número da pobreza e poluição nas cidades. Dessa maneira ele propunha novos
modelos de cidades interligadas com o campo. Cidade Linear, com linha férrea,
sem praças, porém em contato com a natureza.
Nos bairros planejados, a preferência é a baixa
densidade de ocupação, com larga arborização difundida por praças, arruamentos
e jardins internos e distribuição ordenada dos serviços e transporte e
circulação racional de veículos. Falava-se então na união dos benefícios da
cidade e do campo (os três imãs).
Desta união, cita Andrade (2003), o intenso movimento
da população das cidades congestionadas se daria naturalmente como um imã para uma
cidade que fosse próxima da natureza e que emanaria riqueza, felicidade e
tranquilidade. Howard pensava sua Cidade – Jardim como uma maneira de oferecer
às pessoas mais liberdade, vivendo em comunidade.
No ano de 1903, a primeira “Cidade – Jardim Ltda” foi
tratada como propriedade mista autorizada para vender ações em propósito de
levantar capital necessário. Nenhuma cooperativa oficial foi formalizada e não
foi esclarecido quando as posses das terras seriam transferidas para a
comunidade. Só sessenta anos mais tarde, isto veio a ser consolidado.
O
DESENHO DAS CIDADES – JARDINS
O movimento das Cidades – Jardins foi inspirado em
experiências de comunidades planejadas para serem auto organizadas do século
XIX, como por exemplo, empreendimentos de indústrias que estivessem preocupados
com a condição de vida de seus empregados. O fato dos conjuntos habitacionais
serem próximos às fábricas e implantados no campo poderia melhorar as condições
de trabalho e provocar efeitos saudáveis sobre os trabalhadores, retornando
assim tais benefícios para a própria indústria (Andrade, 2003).
Howard estudava as ideias de Cadbury e Lever, que no
ano de 1902 se uniram a ele na Associação da Cidade – Jardim com a “Companhia
Pioneira Limitada”, para a então futura construção da primeira Cidade – Jardim.
Em 1903 a primeira cidade – jardim, Letchworth foi projetada com traçado
simples, claro e informal, o que é divergente da tradição clássica
renascentista, havendo um centro urbano e árvores de portes com edifícios
municipais próximos a estação.
As habitações merecem destaques: eram para as várias
camadas sociais compostas por blocos entre si, se recuavam do alinhamento do
terreno, e apresentavam jardins fronteiriços. As ruas têm entrada auxiliar com “cul
de sac” e passeios com gramas, arbustos e árvores que dão ininterrupção ao
verde dos ambientes públicos. Além desses aspectos a cidade foi refletida como
auto-suficiente em termos de indústria e terras agrícolas, diverso da ideia de
subúrbio (Andrade, 2003).
A segunda cidade – jardim, Welwyn foi projetada por
Louis de Soissons no ano de 1920. Uma das características mais relevantes de
Soissons foi o cuidado com a preservação das condições do meio ambiente, onde
delineou enormes espaços verdes para entretenimento, sobretudo nas periferias
da cidade central, ao longo dos limites dos cinturões agrícolas.